Modalidade de ensino à distância em Moçambique
Este resumo co-autorado por colaborador da UnISCED versa sobre o “m-learning como modalidade de ensino à distância em Moçambique”, com foco no uso das tecnologias a bem da educação e no desenvolvimento sócio-histórico do m-learning em Moçambique, neste contexto do ensino à distância, tipo de ensino oferecido pela Universidade Aberta ISCED (UnISCED).
Manuel, Comiche e Gonçalves (2024) relatam que o m-learning surgiu no início dos anos 2000, quando se registou a popularização dos dispositivos móveis, mas o seu uso para fins educacionais é ainda mais recente. Foi impulsionado pela evolução da tecnologia móvel e popularização dos smartphones, para complementar a educação tradicional através do ensino remoto recorrendo a dispositivos como smartphones, tablets, laptops, entre outros.
Para Crompton (2013, citado por Manuel, Comiche e Gonçalves, 2024) o m-learning é aprendizagem em múltiplos contextos, através de interações sociais e de conteúdo, usando dispositivos electrónicos pessoais, possibilitando os estudantes de aceder os conteúdos educacionais em qualquer lugar, a qualquer hora usando dispositivos móveis.
Através de ferramentas de comunicação como fóruns de discussão, chats, e-mails e vídeos os estudantes podem interagir com os professores e colegas remotamente, o que pode de certa forma criar um ambiente de aprendizagem colaborativo e interativo.
O estudo de Manuel, Comiche e Gonçalves (2024) analisa a aplicação do m-learning nas instituições de ensino superior (IES), destacando tanto as suas vantagens como as desvantagens. O m-learning, entendido como o uso de dispositivos móveis para facilitar a aprendizagem, tem ganhado destaque nas IES devido à sua flexibilidade e potencial para personalizar o ritmo de estudo dos alunos. Entre as vantagens, salientam-se a possibilidade de acesso a conteúdos de forma flexível e a criação de ambientes de aprendizagem mais dinâmicos. No entanto, o m-learning enfrenta desafios significativos, como a dependência de infraestrutura tecnológica e a necessidade de uma supervisão eficaz para evitar distracções e garantir a realização das actividades propostas pelos docentes.
Em Moçambique, a pandemia de COVID-19 acelerou a transformação dos métodos de ensino, impulsionando o uso do ensino à distância (EaD) e destacando o m-learning como uma potencial solução para os desafios de infraestrutura tecnológica. Contudo, a implementação do m-learning nas IES privadas moçambicanas ainda enfrenta barreiras, especialmente relacionadas com a qualidade e eficácia das estratégias educativas, bem como a falta de controle adequado para assegurar a qualidade do ensino. Assim, embora o m-learning ofereça uma alternativa promissora para melhorar o acesso à educação superior no país, a sua adopção plena requer investimentos significativos em tecnologia e suporte pedagógico.
Ensino a distância e o m-learning
Nesta categoria, foi realizada uma análise detalhada das percepções dos estudantes e docentes sobre o ensino à distância e o m-learning, essencial para avaliar a eficácia e a qualidade dessas modalidades. Para Manuel, Comiche e Gonçalves (2024) tanto os estudantes quanto os docentes consideram que o ensino à distância e o m-learning oferecem maior flexibilidade em comparação ao ensino presencial, permitindo uma melhor gestão do tempo e das responsabilidades. A portabilidade dos dispositivos móveis possibilita que os estudantes acessem materiais de estudo a qualquer momento, promovendo uma educação mais adaptável às necessidades individuais (Fonseca, 2013, Manuel, Comiche & Gonçalves, 2024).
Os docentes, no entanto, reconhecem a grande responsabilidade na elaboração de conteúdos adequados para essas modalidades de ensino. Como apontado por Fonseca (2013, citado por Germano, Comiche & Gonçalves, 2024), a tecnologia e o m-learning são facilitadores, mas não substituem o papel do professor, que deve cuidadosamente associar as actividades aos recursos tecnológicos disponíveis. Apesar da interactividade ser vista como uma vantagem, os autores notaram uma divisão de opiniões: alguns estudantes e docentes sentem falta da interação pessoal do ensino presencial, enquanto outros valorizam as ferramentas online que podem enriquecer a experiência educativa. Moscardini et al. (2013) alertam que a ausência ou superficialidade das interações no m-learning pode comprometer a qualidade do aprendizado.
A pesquisa conclui que, no contexto moçambicano, tanto docentes quanto estudantes veem o m-learning como uma solução necessária para ampliar o alcance da educação superior, embora a falta de infraestrutura tecnológica ainda seja um obstáculo significativo. De acordo com Mhlanga e Moloi (2021, citados por Manuel, Comiche & Gonçalves, 2024), o m-learning tem o potencial de superar essas barreiras, especialmente em países em desenvolvimento. Contudo, o uso eficaz do m-learning depende de melhorias tecnológicas e da capacitação tanto de estudantes quanto de docentes (Kukulska-Hulme, 2021, citado por Manuel, Comiche & Gonçalves, 2024).
O uso de tecnologias no ensino superior
O uso de tecnologias no ensino superior tornou-se uma questão central, especialmente com a pandemia de COVID-19, que impulsionou a adopção de cursos online (Manuel, Comiche & Gonçalves, 2024 ). Plataformas como Moodle, Microsoft Teams e Blackboard são amplamente usadas para facilitar a comunicação e disponibilizar materiais de estudo. No entanto, é fundamental que essas ferramentas estejam alinhadas aos objectivos pedagógicos e às competências dos utilizadores (Albion et al., 2013, citados por Manuel, Comiche & Gonçalves, 2024).
Os docentes reconhecem que essas plataformas permitem a criação de ambientes de aprendizagem virtuais mais interativos e personalizados, enquanto os estudantes apreciam os recursos multimedia que tornam o conteúdo mais acessível e envolvente. No entanto, desafios técnicos, como problemas de conexão à internet e dificuldades na navegação pelas plataformas, continuam a ser barreiras importantes, conforme apontado por Santaella (2013, citado por Manuel, Comiche & Gonçalves, 2024), que defende a aprendizagem ubíqua como um complemento valioso ao ensino formal.
Vantagens e desvantagens da implementação do m-learning nas IES privadas em Moçambique
O m-learning apresenta vantagens, como a facilidade de acesso a conteúdos em qualquer lugar e a qualquer hora, e a interatividade aumentada, conforme destacam Sung et al. (2016, citados em Manuel, Comiche & Gonçalves, 2024 ) e Pimmer et al. (2019, citados em Manuel, Comiche & Gonçalves, 2024). Contudo, também há desvantagens, como problemas de conexão à internet, distrações causadas por outros aplicativos, e a necessidade de formação adequada para a utilização eficaz dessas tecnologias.
Os estudantes identificam a dificuldade de acesso à internet e a dispositivos móveis adequados como as principais barreiras para a adopção do m-learning. No entanto, veem essa modalidade como financeiramente mais acessível do que outras formas de ensino à distância. Recomenda-se que as IES privadas invistam em formação para docentes e estudantes e melhorem a infraestrutura tecnológica, além de buscar parcerias com operadoras de telefonia para facilitar o acesso à internet.
Conclusões
O estudo demonstra que o m-learning pode ser uma alternativa viável para superar a falta de tecnologia no ensino à distância em Moçambique, contribuindo para a democratização do acesso à educação. A flexibilidade e a personalização do processo de aprendizagem são vantagens importantes, mas o sucesso do m-learning depende de investimentos em infraestrutura, formação docente, e parcerias estratégicas. Estudos futuros devem explorar práticas recomendadas para a implementação bem-sucedida do m-learning e os desafios enfrentados pelos estudantes nas IES moçambicanas.