O valor do colaborador na organização: Suporte pós-isolamento
O artigo “A realização do trabalhador é ser valorizado pela organização!” examina a importância do apoio da organização para a satisfação e realização dos trabalhadores em ambientes após o isolamento social. Co-autorado por Stefan Mussa, colaborador da Universidade Aberta ISCED (UniSCED), o estudo utiliza a “Escala de Percepção de Suporte Organizacional (EPSO)”, desenvolvida para medir o grau em que os trabalhadores sentem que as suas organizações os apoiam e valorizam. A pesquisa buscou avaliar os efeitos da valorização organizacional sobre o bem-estar e desempenho dos colaboradores em organizações brasileiras, num momento em que a saúde mental e o suporte organizacional se intensificaram devido ao impacto da pandemia de COVID-19.
Desde a Revolução Industrial, o ambiente de trabalho e a forma como as organizações se relacionam com os seus colaboradores têm evoluído consideravelmente (Perello-Marin & Marin-Garcia; Marcos-Cuevas, 2013; Tachizawa, 2015). Com a pandemia de COVID-19, tornou-se ainda mais evidente que o relacionamento entre organização e trabalhador deve transcender as demandas técnicas e materiais, integrando elementos de apoio emocional e reconhecimento da importância do colaborador no contexto organizacional (Habtoor, 2016; Rohm & Lopes, 2015). Neste estudo, os autores argumentam que a valorização do trabalhador é central para o seu empenho e motivação, especialmente em contextos de crise social e económica.
Durante a discussão, os resultados indicaram que os trabalhadores que percebem alto suporte organizacional manifestam menor intenção de rotatividade e maior capital psicológico positivo, o que confirma a importância do suporte percebido na retenção de talentos e no fortalecimento do comprometimento. Segundo Kurtessis et al. (2015), a percepção de suporte por parte do trabalhador está directamente ligada ao esforço adicional que este emprega para atingir os objectivos organizacionais, reflectindo um vínculo afectivo positivo. O estudo também identificou que a faixa etária mais jovem apresentou uma percepção mais elevada de suporte organizacional, o que pode estar relacionado à maior adaptabilidade e idealização em início de carreira .
Para validar a EPSO no contexto brasileiro, os autores realizaram análises factoriais exploratórias e confirmatórias, com resultados que sustentam a adequação da escala para medir o suporte organizacional. A análise de componentes principais indicou um factor dominante que explica 58,93% da variação, e o modelo ajustado apresentou índices de ajuste (CFI = 0,99, RMSEA = 0,03), confirmando a estrutura unifatorial da escala (Hair et al., 2005; Marôco, 2010) . Esta validação psicométrica fornece uma base robusta para o uso da EPSO como instrumento de diagnóstico nas organizações, possibilitando intervenções específicas que visem aumentar a satisfação dos trabalhadores e reduzir a rotatividade.
Por fim, este estudo contribui para a literatura ao validar a EPSO no Brasil, destacando a importância do suporte organizacional para o bem-estar e desempenho dos trabalhadores. As implicações práticas sugerem que organizações que promovem um ambiente de apoio e valorização têm maior capacidade de reter talentos e optimizar o desempenho dos colaboradores, particularmente em tempos de incerteza. A aplicação de ferramentas como a EPSO é essencial para gestores que desejam fomentar uma cultura organizacional que priorize o desenvolvimento humano e o compromisso com os profissionais.
A relevância deste estudo reside, portanto, em oferecer uma ferramenta confiável para medir o suporte organizacional e promover estratégias que garantam um ambiente de trabalho saudável, engajado e produtivo.