O artigo “A realização do trabalhador é ser valorizado pela organização!” examina a importância do apoio da organização para a satisfação e realização dos trabalhadores em ambientes após o isolamento social. Co-autorado por Stefan Mussa, colaborador da Universidade Aberta ISCED (UniSCED), o estudo utiliza a “Escala de Percepção de Suporte Organizacional (EPSO)”, desenvolvida para medir o grau em que os trabalhadores sentem que as suas organizações os apoiam e valorizam. A pesquisa buscou avaliar os efeitos da valorização organizacional sobre o bem-estar e desempenho dos colaboradores em organizações brasileiras, num momento em que a saúde mental e o suporte organizacional se intensificaram devido ao impacto da pandemia de COVID-19.
Desde a Revolução Industrial, o ambiente de trabalho e a forma como as organizações se relacionam com os seus colaboradores têm evoluído consideravelmente (Perello-Marin & Marin-Garcia; Marcos-Cuevas, 2013; Tachizawa, 2015). Com a pandemia de COVID-19, tornou-se ainda mais evidente que o relacionamento entre organização e trabalhador deve transcender as demandas técnicas e materiais, integrando elementos de apoio emocional e reconhecimento da importância do colaborador no contexto organizacional (Habtoor, 2016; Rohm & Lopes, 2015). Neste estudo, os autores argumentam que a valorização do trabalhador é central para o seu empenho e motivação, especialmente em contextos de crise social e económica.
Durante a discussão, os resultados indicaram que os trabalhadores que percebem alto suporte organizacional manifestam menor intenção de rotatividade e maior capital psicológico positivo, o que confirma a importância do suporte percebido na retenção de talentos e no fortalecimento do comprometimento. Segundo Kurtessis et al. (2015), a percepção de suporte por parte do trabalhador está directamente ligada ao esforço adicional que este emprega para atingir os objectivos organizacionais, reflectindo um vínculo afectivo positivo. O estudo também identificou que a faixa etária mais jovem apresentou uma percepção mais elevada de suporte organizacional, o que pode estar relacionado à maior adaptabilidade e idealização em início de carreira .
Para validar a EPSO no contexto brasileiro, os autores realizaram análises factoriais exploratórias e confirmatórias, com resultados que sustentam a adequação da escala para medir o suporte organizacional. A análise de componentes principais indicou um factor dominante que explica 58,93% da variação, e o modelo ajustado apresentou índices de ajuste (CFI = 0,99, RMSEA = 0,03), confirmando a estrutura unifatorial da escala (Hair et al., 2005; Marôco, 2010) . Esta validação psicométrica fornece uma base robusta para o uso da EPSO como instrumento de diagnóstico nas organizações, possibilitando intervenções específicas que visem aumentar a satisfação dos trabalhadores e reduzir a rotatividade.
Por fim, este estudo contribui para a literatura ao validar a EPSO no Brasil, destacando a importância do suporte organizacional para o bem-estar e desempenho dos trabalhadores. As implicações práticas sugerem que organizações que promovem um ambiente de apoio e valorização têm maior capacidade de reter talentos e optimizar o desempenho dos colaboradores, particularmente em tempos de incerteza. A aplicação de ferramentas como a EPSO é essencial para gestores que desejam fomentar uma cultura organizacional que priorize o desenvolvimento humano e o compromisso com os profissionais.
A relevância deste estudo reside, portanto, em oferecer uma ferramenta confiável para medir o suporte organizacional e promover estratégias que garantam um ambiente de trabalho saudável, engajado e produtivo.
ESTÁ EM
Marketing Educacional nas Instituições de Ensino Superior em Moçambique
O artigo “Marketing Educacional nas Instituições de Ensino Superior em Moçambique“, de Valentim Manuel e Suale Amade, ambos colaboradores da Universidade Aberta ISCED (UnISCED), aborda como as instituições de ensino superior (IES) utilizam estratégias de marketing educacional para captar estudantes e fortalecer a sua posição num mercado competitivo. Com o aumento significativo na oferta de IES no país, o estudo investiga as ferramentas e práticas de comunicação empregues pelas instituições e propõe melhorias para atrair mais estudantes e optimizar a eficiência organizacional.
A Relevância do Marketing Educacional
A globalização e o avanço das tecnologias de informação e comunicação (TIC) provocaram mudanças profundas no cenário educacional em Moçambique. A crescente concorrência entre as IES exige uma gestão mais eficiente e focada em estratégias de marketing para atrair e reter estudantes. Neste novo contexto, o marketing educacional surge como uma ferramenta essencial para o desenvolvimento institucional, indo além das actividades promocionais tradicionais. Envolve pesquisa de mercado, segmentação de público e criação de propostas de valor que atendam às expectativas dos estudantes, fortalecendo o relacionamento institucional a longo prazo.
Objectivos do Estudo
O estudo tem como principal objectivo analisar as acções de comunicação nas IES e compreender como os gestores utilizam ferramentas de propaganda e promoção para captar alunos. O trabalho visa propor directrizes para o desenvolvimento de políticas de comunicação mais eficazes em Moçambique. Especificamente, busca-se:
Identificar tendências nas políticas de comunicação institucional nas IES.
Verificar o uso de ferramentas de promoção por gestores de IES privadas.
O Conceito de Marketing Educacional
A literatura sobre marketing educacional destaca a sua importância na gestão das IES, posicionando-o como um processo que visa compreender as necessidades educacionais da sociedade para desenvolver programas adequados. O estudo apoia-se em autores como Manes (1997), que define o marketing educacional como a aplicação de princípios de marketing à educação, e Carvalho & Berbel (2001), que ampliam essa definição, incluindo estratégias de pesquisa, segmentação e posicionamento.
Práticas de Marketing nas IES
Apesar de reconhecerem a importância do marketing, muitas IES moçambicanas ainda carecem de estratégias de marketing educacional estruturadas. A utilização de canais como atendimento telefónico, websites e e-mails é comum, mas insuficiente, especialmente quando comparada com práticas globais que incluem o uso extensivo de redes sociais e marketing digital. A pesquisa também identificou uma dependência excessiva de métodos tradicionais, como telemarketing e anúncios em jornais, que são menos eficazes na atracção de estudantes jovens.
Recomendações e Propostas de Melhoria
Desenvolvimento de Planos de Marketing: As IES devem criar planos de marketing alinhados com as suas realidades e com as demandas do mercado.
Inovação e Criatividade: As instituições devem incorporar mais inovação, utilizando ferramentas digitais e criando conteúdos personalizados.
Treinamento de Gestores de Marketing: Capacitar os gestores para que compreendam melhor as estratégias de marketing educacional.
Integração de Acções de Comunicação: Adoptar uma abordagem integrada de comunicação, utilizando múltiplos canais para alcançar o público-alvo de forma eficaz.
O Futuro do Marketing Educacional em Moçambique
O marketing educacional em Moçambique ainda está em desenvolvimento, apresentando grandes oportunidades de modernização e crescimento. A implementação de estratégias eficazes e a adaptação às novas tecnologias serão cruciais para que as IES moçambicanas se destaquem num cenário educacional cada vez mais competitivo e globalizado. O sucesso dessas instituições dependerá da sua capacidade de inovar e de adoptar uma abordagem estratégica no marketing educacional.
ESTÁ EM
Inteligência Artificial no ensino superior: Solução ou martírio?
Em uma comunicação publicada na revista FT, os colaboradores da Universidade Aberta ISCED (UnISCED) escreveram sobre os “NOVOS PARADIGMAS AOS DOCENTES DO ENSINO SUPERIOR COM O USO DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL PELOS ESTUDANTES, O CASO DO CHATGPT”.
Chitsumba, Romhngwe e Cazança (2024) explicam que “a inteligência artificial (IA) é um campo de estudo que busca emular a inteligência humana através de máquinas”. Neste contexto, eles recorrem a autores como John McCarthy, considerado como um dos pioneiros da IA, para explicar que ela pode ser definida como “a ciência e engenharia de fazer máquinas inteligentes” (McCarthy et al., 1955, citado por Chitsumba, Romhngwe e Cazança, 2024), inclui habilidades como aprendizado, percepção e raciocínio.
Na percepção de Russell e Norvig (2010) a Inteligência Artificial (IA) é o estudo de agentes que recebem percepções do ambiente e realizam acções. Destacam, no entanto, o aspecto da autonomia e da capacidade de tomar decisões baseadas em dados sensoriais.
A IA pode estar associada em diferentes aplicativos da web, dependendo do objectivo pelo qual foi estabelecido, como o ChatGPT (Generative Pretrained Transformer) que é um modelo de linguagem com base na IA. Foi desenvolvido pela OpenAI, que recorre ao aprendizado profundo para gerar texto. Ou seja, o ChatGPT é um método de pré-treinamento para modelos de linguagem que permite a geração de texto coerente e contextualmente relevante (Radford et al., 2018, citado por Chitsumba, Romhngwe & Cazança, 2024).
A sua concepção foi com base numa variedade de fontes de texto da internet, o que lhe permitiu realizar muitas tarefas direccionadas à linguagem, responder perguntas, traduzir idiomas e criar conteúdo textual (Chitsumba, Romhngwe & Cazança, 2024).
Os autores abordaram o tema como uma transformação da educação com a adopção de tecnologias de inteligência artificial e como o ChatGPT está a impactar a experiência de aprendizagem.
A pesquisa explorou a forma como o uso do ChapGPT afecta as competências dos docentes. Com este novo paradigma, urge a necessidade de adaptação, uso eficaz da tecnologia e a capacidade de lidar com desafios e discutir como o ChatGPT influencia o processo de ensino e aprendizagem. Essa influência envolve factores como a personalização do conteúdo, feedback automático e o engajamento dos estudantes.
Durante a sua pesquisa, Chitsumba, Romhngwe e Cazança (2024) perceberam que a IA, com maior destaque para o ChatGPT, está a transformar o campo educacional, onde os professores/docentes são chamados a adaptar-se as oportunidades e enfrentar os desafios trazidos pela tecnologia.
Eles esclarecem que o ChatGPT não substitui o papel do professor, porque ela não é capaz de realizar actividades como desenvolver a criatividade, aprendizagem socioemocional, mediar conflitos, entre outras que requerem a presença humana. Os autores acrescentam que o ChatGPT deve ser uma ferramenta complementar que, se for utilizada de forma adequada, pode ser crucial para o processo de ensino e aprendizagem. Mas há riscos e limitações da IA na educação, “possibilidade de plágio e dependência”.
Este resumo co-autorado por colaborador da UnISCED versa sobre o “m-learning como modalidade de ensino à distância em Moçambique”, com foco no uso das tecnologias a bem da educação e no desenvolvimento sócio-histórico do m-learning em Moçambique, neste contexto do ensino à distância, tipo de ensino oferecido pela Universidade Aberta ISCED (UnISCED).
Manuel, Comiche e Gonçalves (2024) relatam que o m-learning surgiu no início dos anos 2000, quando se registou a popularização dos dispositivos móveis, mas o seu uso para fins educacionais é ainda mais recente. Foi impulsionado pela evolução da tecnologia móvel e popularização dos smartphones, para complementar a educação tradicional através do ensino remoto recorrendo a dispositivos como smartphones, tablets, laptops, entre outros.
Para Crompton (2013, citado por Manuel, Comiche e Gonçalves, 2024) o m-learning é aprendizagem em múltiplos contextos, através de interações sociais e de conteúdo, usando dispositivos electrónicos pessoais, possibilitando os estudantes de aceder os conteúdos educacionais em qualquer lugar, a qualquer hora usando dispositivos móveis.
Através de ferramentas de comunicação como fóruns de discussão, chats, e-mails e vídeos os estudantes podem interagir com os professores e colegas remotamente, o que pode de certa forma criar um ambiente de aprendizagem colaborativo e interativo.
O estudo de Manuel, Comiche e Gonçalves (2024) analisa a aplicação do m-learning nas instituições de ensino superior (IES), destacando tanto as suas vantagens como as desvantagens. O m-learning, entendido como o uso de dispositivos móveis para facilitar a aprendizagem, tem ganhado destaque nas IES devido à sua flexibilidade e potencial para personalizar o ritmo de estudo dos alunos. Entre as vantagens, salientam-se a possibilidade de acesso a conteúdos de forma flexível e a criação de ambientes de aprendizagem mais dinâmicos. No entanto, o m-learning enfrenta desafios significativos, como a dependência de infraestrutura tecnológica e a necessidade de uma supervisão eficaz para evitar distracções e garantir a realização das actividades propostas pelos docentes.
Em Moçambique, a pandemia de COVID-19 acelerou a transformação dos métodos de ensino, impulsionando o uso do ensino à distância (EaD) e destacando o m-learning como uma potencial solução para os desafios de infraestrutura tecnológica. Contudo, a implementação do m-learning nas IES privadas moçambicanas ainda enfrenta barreiras, especialmente relacionadas com a qualidade e eficácia das estratégias educativas, bem como a falta de controle adequado para assegurar a qualidade do ensino. Assim, embora o m-learning ofereça uma alternativa promissora para melhorar o acesso à educação superior no país, a sua adopção plena requer investimentos significativos em tecnologia e suporte pedagógico.
Ensino a distância e o m-learning
Nesta categoria, foi realizada uma análise detalhada das percepções dos estudantes e docentes sobre o ensino à distância e o m-learning, essencial para avaliar a eficácia e a qualidade dessas modalidades. Para Manuel, Comiche e Gonçalves (2024) tanto os estudantes quanto os docentes consideram que o ensino à distância e o m-learning oferecem maior flexibilidade em comparação ao ensino presencial, permitindo uma melhor gestão do tempo e das responsabilidades. A portabilidade dos dispositivos móveis possibilita que os estudantes acessem materiais de estudo a qualquer momento, promovendo uma educação mais adaptável às necessidades individuais (Fonseca, 2013, Manuel, Comiche & Gonçalves, 2024).
Os docentes, no entanto, reconhecem a grande responsabilidade na elaboração de conteúdos adequados para essas modalidades de ensino. Como apontado por Fonseca (2013, citado por Germano, Comiche & Gonçalves, 2024), a tecnologia e o m-learning são facilitadores, mas não substituem o papel do professor, que deve cuidadosamente associar as actividades aos recursos tecnológicos disponíveis. Apesar da interactividade ser vista como uma vantagem, os autores notaram uma divisão de opiniões: alguns estudantes e docentes sentem falta da interação pessoal do ensino presencial, enquanto outros valorizam as ferramentas online que podem enriquecer a experiência educativa. Moscardini et al. (2013) alertam que a ausência ou superficialidade das interações no m-learning pode comprometer a qualidade do aprendizado.
A pesquisa conclui que, no contexto moçambicano, tanto docentes quanto estudantes veem o m-learning como uma solução necessária para ampliar o alcance da educação superior, embora a falta de infraestrutura tecnológica ainda seja um obstáculo significativo. De acordo com Mhlanga e Moloi (2021, citados por Manuel, Comiche & Gonçalves, 2024), o m-learning tem o potencial de superar essas barreiras, especialmente em países em desenvolvimento. Contudo, o uso eficaz do m-learning depende de melhorias tecnológicas e da capacitação tanto de estudantes quanto de docentes (Kukulska-Hulme, 2021, citado por Manuel, Comiche & Gonçalves, 2024).
O uso de tecnologias no ensino superior
O uso de tecnologias no ensino superior tornou-se uma questão central, especialmente com a pandemia de COVID-19, que impulsionou a adopção de cursos online (Manuel, Comiche & Gonçalves, 2024 ). Plataformas como Moodle, Microsoft Teams e Blackboard são amplamente usadas para facilitar a comunicação e disponibilizar materiais de estudo. No entanto, é fundamental que essas ferramentas estejam alinhadas aos objectivos pedagógicos e às competências dos utilizadores (Albion et al., 2013, citados por Manuel, Comiche & Gonçalves, 2024).
Os docentes reconhecem que essas plataformas permitem a criação de ambientes de aprendizagem virtuais mais interativos e personalizados, enquanto os estudantes apreciam os recursos multimedia que tornam o conteúdo mais acessível e envolvente. No entanto, desafios técnicos, como problemas de conexão à internet e dificuldades na navegação pelas plataformas, continuam a ser barreiras importantes, conforme apontado por Santaella (2013, citado por Manuel, Comiche & Gonçalves, 2024), que defende a aprendizagem ubíqua como um complemento valioso ao ensino formal.
Vantagens e desvantagens da implementação do m-learning nas IES privadas em Moçambique
O m-learning apresenta vantagens, como a facilidade de acesso a conteúdos em qualquer lugar e a qualquer hora, e a interatividade aumentada, conforme destacam Sung et al. (2016, citados em Manuel, Comiche & Gonçalves, 2024 ) e Pimmer et al. (2019, citados em Manuel, Comiche & Gonçalves, 2024). Contudo, também há desvantagens, como problemas de conexão à internet, distrações causadas por outros aplicativos, e a necessidade de formação adequada para a utilização eficaz dessas tecnologias.
Os estudantes identificam a dificuldade de acesso à internet e a dispositivos móveis adequados como as principais barreiras para a adopção do m-learning. No entanto, veem essa modalidade como financeiramente mais acessível do que outras formas de ensino à distância. Recomenda-se que as IES privadas invistam em formação para docentes e estudantes e melhorem a infraestrutura tecnológica, além de buscar parcerias com operadoras de telefonia para facilitar o acesso à internet.
Conclusões
O estudo demonstra que o m-learning pode ser uma alternativa viável para superar a falta de tecnologia no ensino à distância em Moçambique, contribuindo para a democratização do acesso à educação. A flexibilidade e a personalização do processo de aprendizagem são vantagens importantes, mas o sucesso do m-learning depende de investimentos em infraestrutura, formação docente, e parcerias estratégicas. Estudos futuros devem explorar práticas recomendadas para a implementação bem-sucedida do m-learning e os desafios enfrentados pelos estudantes nas IES moçambicanas.
Este ensaio intitulado “Implicações Éticas e Ramificações no Caso de Truong My Lan: Um Mergulho Profundo sobre a Maior Fraude Financeira do Vietnam” é da autoria de Cambaza (2024) e nele é estudado um dos maiores casos de fraude financeira no Vietnam.
O caso de Truong My Lan, presidente da Van Thinh Phat Holdings, é um exemplo paradigmático de fraude financeira no Vietname. Em 11 de abril de 2024, Lan foi condenada à morte por desviar 44 mil milhões de dólares do Saigon Commercial Bank (SCB) ao longo de 11 anos. Este caso não só revela a magnitude da fraude cometida, mas também destaca falhas críticas na supervisão regulatória e na governança corporativa do país.
O caso levanta sérias questões éticas. A governança corporativa do SCB falhou em implementar controlos internos adequados, permitindo que Lan executasse o seu esquema fraudulento. Além disso, a corrupção dentro das entidades reguladoras, incluindo a aceitação de subornos por parte de altos funcionários, demonstra uma falha sistémica de integridade. A manipulação de sistemas financeiros para ganho pessoal, à custa de accionistas, investidores, e do público, reflecte uma profunda crise de ética e responsabilidade.
Factos Relevantes
Truong My Lan arquitetou um esquema complexo para desviar fundos do SCB, envolvendo a criação de centenas de empresas fictícias e a utilização de procuradores para controlar ilegalmente mais de 90% das acções do banco. Este esquema violou a legislação vietnamita, que limita a propriedade individual a um máximo de 5% das acções de qualquer banco. As falhas na supervisão regulatória permitiram que Lan retirasse somas vultuosas de dinheiro, incluindo 4 mil milhões de dólares em espécie, armazenados no seu porão.
O julgamento no Tribunal Popular da Cidade de Ho Chi Minh foi notável, envolvendo 85 réus, 2.700 testemunhas, dez promotores estatais, e cerca de 200 advogados. As evidências, preenchendo 104 caixas pesando seis toneladas, foram esmagadoras. Todos os réus foram considerados culpados, e Lan recebeu a pena de morte.
Stakeholders
Os principais stakeholders afectados pelo caso incluem:
Accionistas e Investidores do SCB: Sofreram perdas financeiras significativas devido às actividades fraudulentas, afectando tanto investidores individuais quanto institucionais.
Empregados do SCB e da Van Thinh Phat Holdings: Enfrentaram perdas de emprego, insegurança financeira e moral reduzida.
Clientes do SCB: Sofreram disrupções nos serviços bancários e potenciais perdas financeiras devido à instabilidade do banco.
Corpos Reguladores e Governo: Enfrentaram danos à credibilidade e eficácia, expondo falhas regulatórias graves.
Comunidade Internacional de Negócios: A confiança no ambiente de negócios vietnamita foi abalada, potencialmente desincentivando investimentos futuros.
Público em Geral: Perda de confiança nas instituições financeiras e no governo, afectando a estabilidade social e económica.
Medidas Preventivas
Para evitar futuros casos de fraude financeira de grande escala, são recomendadas as seguintes medidas:
Fortalecimento da Supervisão Reguladora: Implementar verificações e balanços mais rigorosos no sector financeiro para garantir a responsabilidade e transparência.
Melhoria das Práticas de Governança Corporativa: Adoptar padrões mais rigorosos de governança corporativa para promover a integridade e comportamento ético.
Programas de Proteção a Denunciantes: Estabelecer protecções para indivíduos que relatem práticas antiéticas, incentivando a transparência e a detecção precoce de fraudes.
Campanhas de Educação e Conscientização Pública: Educar o público sobre fraude financeira e seus direitos, empoderando-os a reconhecer e responder a fraudes.
Reformas Legais e Aplicação Rigorosa: Fortalecer os marcos legais e garantir a aplicação rigorosa das leis para deter actividades fraudulentas futuras.
Integração de Tecnologia Avançada: Utilizar tecnologias como inteligência artificial e análise de big data para monitorar transações financeiras e detectar padrões suspeitos de actividade fraudulenta.
Conclusão
O caso de Truong My Lan sublinha a necessidade urgente de reformas abrangentes no sistema financeiro e regulatório do Vietname. A fraude massiva e as subsequentes condenações não só expuseram falhas sistémicas, mas também proporcionaram uma oportunidade crítica para fortalecer a integridade institucional e restaurar a confiança pública. A implementação das medidas preventivas sugeridas pode não apenas prevenir futuras ocorrências de fraude, mas também promover uma cultura de ética e transparência nas instituições financeiras.
ESTÁ EM
Liderança comunitária: Motivação e apoio logístico
O capítulo intitulado “Motivação para o Trabalho dos Líderes Comunitários do Distrito de Nhamatanda”, de Stefan Leonel Janeiro Mussa e Elsa Maria Frederico Livo, presente no volume “Experiências em Ensino, Pesquisa e Extensão na Universidade: Caminhos e Perspectivas”, aborda um estudo detalhado sobre a motivação dos líderes comunitários no Distrito de Nhamatanda, Moçambique. O objectivo principal da pesquisa é analisar o nível de motivação desses líderes, identificar os factores que a influenciam e propor medidas que possam ser adoptadas por gestores para melhorar o desempenho desses líderes.
Mussa e Livo (2022) iniciam com uma contextualização histórica sobre a motivação, destacando que este tema já despertava o interesse dos primeiros pensadores da humanidade, preocupados em entender e explicar o comportamento humano. Antes da Revolução Industrial, a principal maneira de motivar era através do medo e das punições, como restrições financeiras. Com a Revolução Industrial, surgiram investimentos pesados na produção, visando aumentar a eficiência dos processos industriais. Embora as punições fossem deixadas de lado, o medo ainda prevalecia nas empresas.
Os primeiros estudos sobre a motivação, conforme Marras (2000, citado em Mussa e Livo, 2022), começaram no século XX com Frederick Taylor, que defendia a crença de que o dinheiro era o maior motivador. Taylor afirmava que “as pessoas eram levadas a fazer coisas apenas para obterem mais dinheiro” (Idem).
Neste artigo, a motivação é definida como o processo pelo qual o comportamento humano é incentivado ou estimulado por alguma razão, sendo responsável pela intensidade, direcção e persistência no alcance de uma meta. Em outras palavras, a motivação está sempre relacionada ao esforço em relação a um objectivo a ser alcançado.
Para Mussa e Livo (2022), o líder comunitário é alguém com habilidades para mediar, tomar decisões importantes e promover actividades que ajudam a desenvolver a comunidade. Essas funções dependem do apoio da comunidade, da aceitação do líder e de sua experiência, formação e educação. Kossen (1983, citado em Mussa e Livo, 2022) descreve o líder comunitário como alguém capaz de “solucionar problemas de forma criativa, comunicar e ouvir, ter estabilidade emocional, autoconfiança e uma atitude sincera em relação aos subordinados”.
A motivação no trabalho é definida como a vontade de exercer um elevado esforço para alcançar objectivos laborais, condicionada pela capacidade de esforço para satisfazer alguma necessidade individual (Esteves, 2001, citado em Mussa & Livo).
Os resultados indicam que o nível de motivação dos líderes comunitários em Nhamatanda é considerado médio. A análise revelou que o respeito e o reconhecimento por parte da comunidade são os principais factores motivadores para esses líderes, especialmente em contextos africanos, onde o status social e o reconhecimento são altamente valorizados (Mussa & Livo, 2022). Em contraste, os recursos materiais, embora importantes, não são os principais motivadores. A falta de incentivos financeiros e materiais é notada, mas não é o principal que influencia a motivação.
A relação entre os líderes comunitários e o governo é descrita como ambivalente. Embora o governo reconheça a importância dos líderes para a mobilização e organização comunitária, há uma falta de apoio concreto, manifestada na insuficiência de recursos materiais e na falta de reconhecimento formal, o que gera ressentimentos e pode impactar negativamente a motivação dos líderes.
Os autores concluíram que os objectivos do estudo foram alcançados, destacando a importância dos factores culturais e sociais na motivação dos líderes comunitários. O respeito e o reconhecimento dentro da comunidade são cruciais para manter a motivação alta. A pesquisa sugere que as políticas governamentais devem considerar esses factores ao planear incentivos e suporte para os líderes comunitários. Melhorar a motivação desses líderes pode, consequentemente, melhorar o seu desempenho e os benefícios para a comunidade.
Com base nos resultados, os autores recomendam a implementação de políticas de reconhecimento formal do trabalho dos líderes comunitários, o aumento de recursos materiais e financeiros para apoiar as suas actividades, e programas de formação e capacitação para fortalecer as suas habilidades. Essas medidas podem ajudar a aumentar a motivação e a eficácia dos líderes comunitários, trazendo benefícios significativos para as comunidades que servem.
O capítulo fornece uma visão abrangente sobre os desafios e motivações dos líderes comunitários em Nhamatanda, oferecendo contributos valiosos para gestores e formuladores de políticas que desejam melhorar a eficácia e motivação desses importantes agentes comunitários.
ESTÁ EM
Gestão de Talentos em Moçambique: Desafios, Estratégias e Perspectivas da Universidade Aberta ISCED
Este resumo intitulado: a Gestão de Talentos na Universidade Aberta ISCED em Moçambique, é da autoria de Stefan Leonel Janeiro Mussa, colaborador da UnISCED e Nilton Soares Formiga, da Universidade Potiguar. O artigo que faz parte do livro sobre Administração, Contabilidade e Economia – Volume 3, organizado por Silveira (2024) resulta de um estudo exaustivo feito na Universidade Aberta ISCED, onde participaram quatro gestores da instituição.
Importância da Gestão de Talentos para o Sucesso Organizacional
A gestão de talentos é importante para o sucesso organizacional. Este estudo está focado na perspectiva dos gestores de uma universidade em Moçambique. Destaca-se a falta de estudos sobre gestão de talentos no país, especialmente no contexto do ensino superior, e a crescente competição por profissionais qualificados. Mussa e Formiga (2024) apontam a necessidade de estratégias de gestão de talentos consistentes e transparentes, lideradas por gestores estratégicos em colaboração com os recursos humanos.
Este texto destaca a importância da gestão de talentos, sublinhando que colocar os funcionários antes da estratégia é fundamental, como afirmado por Ehlers e Lazenby (2007, citados em Mussa e Formiga, 2024): “o maior erro dos gestores é esquecer o factor mais importante quando se trata de gestão, ou seja, o ser humano”. A gestão de talentos também envolve um senso de urgência em relação às pessoas em posições críticas, como apontado por Conaty & Charan (2010, citados em Mussa e Formiga, 2024).
Desafios e Perspectivas na Implementação da Gestão de Talentos na UnISCED
Neste resumo avalia-se a compreensão e implementação da gestão de talento pelos decisores da Universidade Aberta ISCED (UnISCED). Os entrevistados demonstraram um entendimento claro sobre o conceito de gestão de talento, alinhando suas definições com as práticas descritas na literatura académica, como afirmam Mussa e Formiga (2024). Um dos participantes afirmou que “a gestão de talento é a estratégia para gerir funcionários para que eles possam dar o melhor deles e desenvolver no máximo as próprias capacidades”, sublinharam os autores. Essa visão está em consonância com as definições encontradas na literatura, que também destacam a importância de atrair, desenvolver e reter talentos (Armstrong Michael, 2006; Noe et al., 2006; Silzer & Dowell, 2010, citados em Mussa e Formiga, 2024). Quanto à prioridade dada à gestão de talento na Unisced, os entrevistados enfatizaram sua importância para o crescimento e eficiência da instituição. Um dos entrevistados afirmou que “a gestão de talento mais que uma prioridade é um desafio para UnISCED”. Essa perspectiva está alinhada com a visão de que a gestão de talento é essencial para o sucesso organizacional (citado por Mussa & Formiga, 2024, em Hughes & Rog, 2008). No entanto, os entrevistados reconheceram que a UnISCEDd enfrenta desafios na implementação efectiva da gestão de talento, especialmente devido à falta de recursos humanos qualificados na área de GRH. Eles destacaram a necessidade de desenvolver práticas específicas para identificar e reter talentos na instituição (Mussa & Formiga, 2024).
Contribuições e Recomendações para a Melhoria da Gestão de Talentos em Moçambique
Em resumo, o estudo destaca a importância da gestão de talento para o sucesso organizacional e sugere que a UnISCED precisa desenvolver uma abordagem mais estruturada e proativa para promover um ambiente de trabalho que incentive o crescimento e a excelência organizacional. A falta de literatura sobre gestão de talento em Moçambique é reconhecida, e o trabalho proposto visa preencher essa lacuna, fornecendo um contributo valioso para a comunidade académica e empresarial. Destaca-se a importância da compreensão e implementação da gestão de talento na UnISCED, não apenas como uma prioridade organizacional, mas também como um guia prático para gestores de recursos humanos e líderes empresariais. O estudo também aborda os desafios específicos enfrentados por organizações em Moçambique e na África em geral, como a escassez de talento, problemas educacionais e falta de recursos. Esses desafios são amplamente discutidos na literatura, como destacado por Mussa & Formiga (2024, em Mogwere, 2014 e Maritz, 2012), que enfatizam a necessidade de investir em talento e desenvolvimento educacional para enfrentar essas questões. Além disso, o texto ressalta a importância de práticas eficazes de gestão de talento na retenção de funcionários e no desempenho organizacional, como mencionado por Mussa & Formiga (2024, em D’Amato & Herzfeldt, 2008 e Schuler et al., 2011). Por fim, são feitas recomendações para as instituições de ensino, especialmente a UnISCED, para investirem na formação e capacitação de talentos, visando aprimorar a gestão de talentos e alinhar os objectivos organizacionais com as necessidades dos colaboradores, como sugerido por Mussa & Formiga (2024, em Riccio, 2010 e Rhodes & Brundrett, 2012).
O texto examina o debate levantado por Andy Clark sobre o papel da linguagem na computação humana, sustentando que a linguagem transcende a mera função comunicação que a ela é atribuída. Clark (1998) argumenta que a linguagem não é meramente um canal para transferência de informações, mas exerce uma influência substancial na estrutura, organização, aprendizagem e pensamento humano. Inspirado nas teorias de Lev Vygotsky, Clark propõe que a linguagem não apenas facilita a comunicação, mas também orienta acções e pensamentos, moldando directamente o comportamento e a cognição humanas.
No entanto, o texto também apresenta uma crítica à perspectiva de Clark, citando os argumentos de Birgitt Flohr (1989), que sugere que a linguagem é um produto da interação entre a mente humana e o ambiente externo. Segundo essa visão, a linguagem não exerce um impacto direto na mente, mas serve como um meio para a transmissão de ideias e conhecimentos.
Clark rebate essa crítica reafirmando sua posição de que a linguagem reconfigura o espaço computacional do cérebro humano (Clark, 1998). Ele defende que a linguagem complementa as actividades mentais, fornecendo recursos que não estão disponíveis apenas através dos processos mentais internos.
Resumindo, enquanto Clark sustenta que a linguagem desempenha um papel activo na computação humana, neste artigo, é essa visão, argumentando que a linguagem é apenas um meio de comunicação e pensamento, sem exercer uma influência directa sobre as actividades mentais. O debate sobre essa relação entre linguagem e mente continua, alimentando uma discussão contínua na literatura científica.
Desafios e Oportunidades da Inteligência Artificial no Ensino Superior em Moçambique: Um Estudo Exploratório
A introdução deste estudo destaca os desafios enfrentados pelo ensino superior em Moçambique devido ao surgimento e rápido desenvolvimento da inteligência artificial (IA). A IA tem impacto significativo na educação, apresentando tanto oportunidades quanto desafios para as universidades moçambicanas. Este estudo explora os desafios relacionados à integração da IA e seu impacto nos processos educacionais e nos estudantes. O referencial teórico aborda conceitos básicos de IA e ensino superior, além de revisar a literatura existente sobre o assunto. Tópicos como o impacto da IA na educação, mudança de papéis de professores e estudantes, desafios éticos e de protecção de dados, bem como impacto na estrutura curricular e processos administrativos, são discutidos. A metodologia qualitativa empregada inclui entrevistas com gestores universitários em Moçambique, que desempenham papel central na adopção e implementação da IA. A análise de conteúdo das entrevistas identifica os principais desafios enfrentados pelos gestores. O estudo relaciona as descobertas com a literatura existente, identificando estratégias para enfrentar esses desafios. Uma discussão final destaca os principais resultados, implicações práticas e limitações do estudo, além de sugerir áreas para futuras pesquisas sobre os desafios do ensino superior em Moçambique diante da emergência da IA.
Desafios do Ensino Superior em Universidades Moçambicanas
O acesso limitado à tecnologia e infraestruturas adequadas é um desafio fundamental enfrentado pelas universidades moçambicanas no contexto da Inteligência Artificial (IA). A falta de recursos técnicos, como computadores e acesso à internet, pode levar a desigualdades no ensino superior, prejudicando a adopção efectiva da IA. Para superar esse desafio, é crucial que as universidades invistam em infraestruturas tecnológicas e garantam acesso igualitário à tecnologia.
A formação adequada dos professores é essencial para a integração efectiva da IA no ensino superior. A falta de treinamento específico dificulta a adopção da IA pelos professores em Moçambique. Portanto, é necessário que as universidades ofereçam programas de treinamento contínuo e recursos de aprendizagem para capacitar os professores nas habilidades necessárias.
O rápido desenvolvimento da IA requer um ajuste contínuo dos currículos académicos. As universidades em Moçambique devem trabalhar com especialistas em IA para revisar e actualizar os currículos, garantindo que os estudantes tenham as habilidades necessárias para aproveitar as oportunidades oferecidas pela IA.
O uso de IA no ensino superior levanta questões éticas e de privacidade, como a colecta e análise de dados dos estudantes. É essencial que as universidades estabeleçam políticas claras para proteger os dados dos estudantes e promover o uso ético da IA. Além disso, é importante envolver os estudantes e a comunidade académica em discussões sobre ética e privacidade da IA para promover a conscientização e transparência nas práticas empregadas.
Integração Responsável da Inteligência Artificial no Ensino Superior de Moçambique: Benefícios, Desafios e Estratégias
A implementação da Inteligência Artificial (IA) no ensino superior em Moçambique traz benefícios significativos, como a melhoria dos processos educacionais, a personalização da aprendizagem e a automação de tarefas administrativas. A IA permite a adaptação das aulas às necessidades individuais dos alunos, proporcionando um ambiente de aprendizagem mais inclusivo e eficaz. No entanto, enfrenta desafios relacionados ao acesso à infraestrutura tecnológica adequada, à capacitação e actualização dos docentes, à revisão curricular e à ética e privacidade na utilização da IA. Para superar esses desafios, é necessário investir em infraestrutura tecnológica, oferecer capacitação contínua aos professores, revisar os currículos acadêmicos e estabelecer políticas éticas claras. Assim, a IA pode ser integrada de forma responsável e ética no ensino superior em Moçambique, contribuindo para uma educação de qualidade e inclusiva.
Desafios da Implementação da Inteligência Artificial no Ensino Superior em Moçambique: Infraestrutura, Capacitação, Currículo e Ética
O acesso limitado à infraestrutura tecnológica, a falta de capacitação docente, a adaptação curricular e as preocupações éticas e de privacidade são desafios significativos enfrentados pelas universidades moçambicanas na implementação efectiva da Inteligência Artificial (IA) no ensino superior. A falta de recursos financeiros e infraestruturas robustas para suportar a IA cria grandes obstáculos. Para superar esses desafios, sugere-se aumentar o financiamento para pesquisa em IA, promover a colaboração entre organizações, desenvolver programas de formação para docentes, revisar os currículos académicos e estabelecer políticas claras de ética e privacidade. A implementação bem-sucedida da IA requer um esforço conjunto de instituições de ensino superior, governos e partes interessadas. Este estudo, embora baseado em entrevistas com gestores universitários, destaca a necessidade de pesquisas futuras explorarem esses desafios sob diferentes perspectivas e utilizando metodologias complementares.
Conclusão
O surgimento da Inteligência Artificial (IA) apresenta desafios e oportunidades para o ensino superior nas universidades moçambicanas, incluindo acesso limitado à tecnologia, falta de formação de professores, necessidade de adaptação curricular e preocupações éticas. No entanto, a IA também oferece benefícios, como melhoria dos processos educacionais, personalização do aprendizado e automatização de tarefas administrativas. Para enfrentar esses desafios, as universidades precisam investir em infraestrutura tecnológica, fornecer treinamento de professores, revisar currículos e estabelecer políticas de ética e privacidade. A colaboração entre universidades, empresas e governos é essencial para impulsionar a adopção efectiva da IA no ensino superior, permitindo que as universidades moçambicanas liderem a inovação educacional e contribuam para o desenvolvimento socioeconómico do país.
O processo de ensino e aprendizagem consiste na verificação dos níveis de retenção/aquisição do conhecimento pelos estudantes, para que se possa reforçar a metodologia em uso por forma a obter melhores resultados de aprendizagem e verificar a forma como os estudantes caminham rumo às metas.
No processo de ensino e aprendizagem, a avaliação pode ser diagnóstica, formativa ou sumativa. A avaliação diagnóstica visa apurar os conhecimentos prévios que o estudante tem sobre determinado conteúdo para melhor planificar a integração do conteúdo novo (Lagarto, 2009). A avaliação formativa acompanha todo o percurso do estudante na disciplina, para verificar se está alinhado aos resultados de aprendizagem, se não estiver deve ser orientado. E por fim, a avaliação sumativa visa indicar se o estudante está apto a transitar para a etapa seguinte, acto que acontece no fim do período de estudos pré-definidos. (Marques, Deusa, & Barbosa, 2017).O ensino híbrido tem ao seu dispor diversos instrumentos de avaliação que podem ser explorados pelo professor para garantir uma maior dedicação dos estudantes nas actividades, impactando positivamente na aprendizagem dos mesmos (Spinardi & Both, 2018). Entretanto, a avaliação pode criar desconforto para os professores e estudantes, quando for concebida como um meio de repreensão ou simples formalidade. Contudo, pode se tornar um meio de impulsionar a aprendizagem quando visa incentivar a reflexão constante nas práticas educativas e no desenho de novas metodologias de aprendizagem. (Soffner, 2010).
Avaliação por pares
Mattar (2017) esclarece que a avaliação por pares é caracterizada pelo envolvimento dos estudantes no processo. Ou seja, os estudantes são avaliadores de outros estudantes. O autor considera este tipo de avaliação como uma “metodologia activa”. Para Nicol, Thomson e Breslin (2014), o tipo de avaliação que inclui o envolvimento dos estudantes a partir de critérios predefinidos (pelo professor), fazem reflexão do próprio desempenho em relação aos mesmos critérios, promovendo, assim, a autonomia na aprendizagem.
Uma das vantagens da avaliação por pares, é o facto de os estudantes puderem aprender com os erros e sucessos dos colegas, quando estes conseguem alcançar (ou não) e demonstram competências previstas naquela actividade, como também pelos erros dos colegas e compreender a natureza dos critérios de avaliação do docente. Ou seja, a avaliação por pares é uma actividade colaborativa que ocorre entre pelo menos dois pares.
Avaliação por pares na modalidade online
Na modalidade, a avaliação por pares é antecedida pela configuração (feita pelo docente) das informações de envio, a rubrica de avaliação que será utilizada pelos estudantes. Feita a configuração, os estudantes enviam os trabalhos e são avaliados pelos pares (colegas). A seguir é calculada a nota resultante da ponderação de cada item.
Este procedimento flexibiliza o trabalho do docente que, além das vantagens da plataforma MOODLE, como a possibilidade que esta dá aos estudantes de anexar os trabalhos ou avaliar no momento que for mais conveniente, permite a automatização do processo de avaliação. Em particular, a ferramenta ocupa-se das actividades críticas como a criação dos grupos de avaliação (quem avalia quem) e o cálculo da nota. Para além de que o docente dispõe de mais tempo para acompanhar os estudantes ao longo do processo avaliativo, monitorando para que decorra sem grandes constrangimentos.
Aplicação da avaliação por pares
Feita a análise da aplicação da modalidade do ensino híbrido (presencial e online através da plataforma moodle), os resultados provaram que a avaliação por pares tem um grande impacto pedagógico, trazendo resultados significativos aos estudantes.
Quanto ao teste, notou-se que tem um efeito relevante no melhoramento das mesmas, validando a hipótese H1 Este resultado é confirmado pelas respostas dos estudantes que mostram que aprendem avaliando os colegas e ao serem avaliados, tendo um impacto positivo no processo de ensino e aprendizagem com o melhoramento da qualidade do trabalho, contribuindo para o desenvolvimento de capacidades reflexivas e críticas.
O estudo mostra que mais do que a nota da avaliação, os maiores benefícios evidenciados pelos estudantes estão relacionados ao processo de providenciar e receber o feedback, enriquecendo a abordagem de todos os intervenientes.
Quanto às insatisfações apresentadas pelos estudantes, em relação à imparcialidade das avaliações, estas podem ser minimizadas com o uso do anonimato no processo, facto que irá reduzir o tempo de avaliação e melhorar a capacidade de provisão de feedback aos colegas. A avaliação por pares apresenta um enorme potencial pedagógico no ensino híbrido, por se enquadrar nas metodologias activas, e a sua relevância se fortalece quando se utiliza o recurso “Laboratório de Avaliação” da plataforma MOODLE.
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